sexta-feira, 26 de março de 2010

Morro de Medo

Eu não sei se hoje está chovendo, não tive coragem de abrir as cortinas, estou com medo de olhar o externo... Hoje me sinto uma grande ratazana em dias de chuva. Ela nunca sabe o que fazer em tempos assim... Mas pensando bem, estou ainda com mais medo de poder e ter que enxergar o interno. Não... A casa já está arrumada, só está faltando à parte em que eu paro de escrever aqui e vou terminar de tirar poeira dos móveis... Mas não é disso que me refiro, estou falando do MEU EU INTERIOR! Entende?!? Então... Estou com medo dele, do que ele possa me dizer, do que possa me mostrar, do que eu possa gostar ou não... Estou com medo de mim, de poder compreender coisas incompreensíveis, de entender coisas sem sentido, e de conseguir desvendar todos os meus segredos, até aqueles que eu nunca quis... Tenho medo de descobrir que Papai Noel não existe, que foi tudo uma mentira da sociedade capitalista e mundana que me fez por tanto tempo acreditar num velhinho lindo e gorducho! Tenho medo de descobrir que meu dedo queima se eu o colocar diretamente no fogo e que a água não fica por muito tempo sólida fora do congelador... Tenho medo de vasculhar demais o que já aprendi e ter que acreditar que os doces engordam, que o sol queima se ficarmos muito tempo expostos a ele, e que eu vou me machucar sim se eu pular do telhado... Tenho medo de descobrir que é preciso ir para a escola, e comer regularmente. Tenho medo de descobrir que um dia a água vai acabar... Tenho medo de entender que nem tudo é perfeito, que dias melhores virão e de que as crianças são felizes até que não se tornem aborrecentes... Éh... Eu tenho pavor de descobrir que o chiclete perde o gosto depois de algumas mastigadas, e de que se você colocar um pirulito na boca depois de algum tempo ele misteriosamente some, te deixando só com um leve gostinho de tutti fruit e um palito chato e sem gosto na boca... Tenho medo de tudo isso e muito mais... Mais sabe do que mais tenho medo?!? De saber que já tenho todas essas certezas, descobertas e medos confirmados fora de mim!

Tenho medo de descobrir que um dia, nunca mais irei acordar!!! Pois quando dúvidas e medos não mais existirem, meu fim estará cada vez mais próximo do meu último nascer do sol!!!

O DIA de Ontem

"Por muitas vezes busco inspiração dentro de mim para escrever coisas bacanas, inteligentes e cultas em meu blog, porém nunca sai algo que preste de fato, ou quase sempre sai coisas inúteis e mundanas... Porém quero inovar... Hoje escreverei somente do dia de ontem, onde chorei e chorei por não mais conseguir sorrir! Não... Não estou com depressão nem nada parecido... Ninguém me magoou nem zombou de mim... Não roubaram meu ursinho e nem me sujaram com toddy... Não... Já disse que não... Não estou triste e não choro por não ter motivos para sorrir, pelo contrário, choro por não existir a possibilidade de sorrir ainda mais... Ontem foi um dia feliz, apesar de nada marcante ter acontecido. Na verdade marcou sim, aqueles cinco minutos vão ficar pra sempre na minha memória. E quando eu tiver motivos verdadeiros para me sentir triste realmente, lembrarei do dia de ontem, em que ouvi: - Mi vê 2,50 di argúia, farzendun farvô!!! E assim... Sem motivos para chorar, chorarei, por não ter mais condições de sorrir novamente!!!

P.s.: Às vezes sorrir nem é a melhor forma de expressar felicidade, talvez não seja suficiente!!! Porém não se martirize por isso, com certeza as lágrimas saberão o que fazer!!!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Nem TUDO Adiantaria

Nós, subjugados animais racionais, temos a péssima mania de querer fazer tudo ao mesmo tempo, atropelando o que é importante de fato, e dando o mínimo valor ao que futuramente será o essencial nos dias difíceis, e finalmente acabamos nunca fazendo nada que preste... Na vida tudo tem seu tempo exato pra acontecer, não adianta querer mudar o presente para que o futuro chegue ainda mais de pressa, pois o que adiantaria ter um futuro impróprio? O que adiantaria tentar carregar fardos mais pesados do que se aguenta? Ou carregar fardos isolados, onde sozinhos não seriam nada além de um peso a mais com o que se preocupar, atrapalhando assim, o desenvolvimento e o término de seu próprio destino. A nós, meros mortais, e filhos de pais comuns, cabe somente esperar e saber aproveitar as oportunidades que nos é dada. Agarrar com unhas e dentes aquilo que fora pré destinado a nos pertencer. Pois a sorte é impaciente, e odeia bater na mesma porta por mais do que uma vez. Quem sabe no futuro, às vezes por engano ela não o faça? Mais não seria arriscado demais ter algo com o que se instigar, sendo que sua vida pacata e normal já percorre trilhos ‘nada’ incertos? O que não podemos é nos conformar com o que ‘não’ nos é dado, acreditando que tudo esta certo e perfeito, e que nada pode existir e ser, além do que existe em nosso pequeno grande campo de visão. Sonhos, não são como gotas de orvalho ao entardecer, eles não caem de graça em nossos colos... Coisas boas não acontecem por acaso, na verdade penso eu que o acaso nem exista de fato... E ninguém ganha uma oportunidade única na vida sem fazer nada que valha o orgulho de ser considerado um vencedor e merecedor. E se caírem, acontecerem e ganharem, saiba que da mesma forma fácil e sutil com que veio, se tornará para sempre tortuosa, inacessível e extinta!

E então... O que adiantaria?


Nada é tão difícil que não se possa tentar... A diferença entre querer e conseguir está na vontade de quem se arrisca a cometer a loucura de talvez quem sabe errar, por mais que inutilmente o seja!!

É o MEU Gosto. O que Posso fazer?

Sim, eu gosto de sentir o cabelo geladinho e molhado de minha mãe todos os dias quando ela vai me dar um beijo de bom dia (de boa madrugada eu diria) antes de sair para mais uma de suas batalhas diárias, mesmo estando atrasada, ela jamais esquece. Raro é eu acordar durante essa rápida visita, mais sinto que por ali ela esteve, e fico feliz por isso. Gosto de poder acordar de manhã (tudo bem que às vezes a tarde), com minha mão sendo mastigada pelo amorzinho da minha vida, só pela simples ansiedade de poder me arranhar toda com suas unhazinhas afiadas, e me mostrar mais uma vez como és esperto em fazer xixi certinho no jornal. (Mesmo eu tendo a certeza de que ele pouco se importa em fazer xixi lá, até eu faria se ganhasse petiscos logo depois). Gosto de poder levantar da cama e antes mesmo de lavar o rosto ver a toalha estendida na mesa, já cheia de migalhas de pão. (Não me esqueci da mão babada pelo Wayne, sim eu as lavo antes de me sentar). Gosto de ver duas xícaras já borradas de café, e duas viradas do avesso na espera das donzelas acordarem. Gosto porque só assim acredito que o dia de ontem existiu, e que o de hoje apenas começou, e que eu mais uma vez tive o privilégio e a oportunidade de poder fazer parte dele mais uma vez. Gosto de ouvir papai nos acordando com a frase: “- Desabrochem minhas Flores!” Mesmo ele trapaceando nos horários como sempre (Se ele disser que já são dez horas, durma mais duas, pois ainda nem são oito). Gosto de pegar a manteiga já derretida e o café morno, assim não será preciso me acidentar com a faca e nem queimar a boca ou ficar assoprando até esfriar... Gosto de ver minha irmã esquentando seu café com leite, para depois esfriá-lo com assopros, como sempre faz. Isso mostra como eu sou desprovida de frescuras. E te digo mais... Mostra de uma forma gritante de como a garrafa precisa ser trocada. Éh... Não vou mentir em dizer que gosto da parte posterior a tudo isso, mais bem lá no intimo obscuro de meu ser, gosto de poder lavar as xícaras utilizadas na manhã desse dia, por mais que às vezes quase sempre o faça à tarde. Gosto da sensação de saber que hoje é um novo dia, e que ele já começou a algum tempo, antes deu desabrochar como diria papai. Gosto sim, mais preferiria sujar as quatro xícaras em um mesmo instante, como fazíamos antes!!! Eu gostava de quando mamãe e papai vinham nos cobrir com edredons e nos transformavam em grandes casulos, onde em qualquer movimento brusco teríamos que gritar: “- Paiêêêêêê, tô com frioooOOo!!!”. Eu gostava de quando acordávamos na neblina. (Não da parte que tínhamos que sair para comprar o pão lá longe). Mais gostava de quando almoçávamos juntos e logo depois corríamos, escovávamos os dentes e corríamos de novo, para não nos atrasar para a escola. É incrível como eu me sentia feliz ao perder no “jogo da vida” por não saber Alemão (jura que nunca trapacearam?). E sabe o que é o mais incrível? Eu amava tudo isso. Amava pular elástico no corredor do prédio e brincar de virar cartas com o bafo (que a propósito eu nunca sabia fazer sem passar um pouquinho do meu mágico e infalível cuspe nas mãos), na soleira da porta quando eu e meu irmão ficávamos de castigo e não podíamos sair. Apesar da dor, amava quando tropeçava e caia... (Ainda tropeço né?) Sempre pensava no futuro, quando contaria de meus grandes e hilários tombos para meus netos e mostraria as cicatrizes que carrego como única e insubstituível prova concreta de minhas histórias. Alguém se lembra do Bob? Eu gostava de quando podia amarrar um lenço em seu pescoço e sair na rua passeando com ele. Apesar de todos dizerem que ele era feio, tinha barbas e que continuava fedendo depois de 1 hora e meia de banho. Gostava do fato dele me pertencer, e dele me fazer tão feliz, daquele jeitinho besta e atrapalhado de sempre. Eu gostava de brincar de pique se esconde aqui na rua, quando havia árvores espalhadas por tudo que é canto, onde tínhamos os lugares marcados de nos esconder (Tolo não?). Isso antes de aparecerem com uma máquina grande, perigosa, feia e barulhenta que acabou com tudo. Gostando tanto dessa parte que eu gostava!!! E hoje digo que gosto ainda mais da época em que nem sabia que iria gostar tanto. Gosto de rir sozinha, lembrando das coisas bestas e criativas que já fiz nessa vida. Gosto de ter do que me lembra e gosto muito mais da deliciosa e única sensação de saber que um dia vou gosta ainda mais e de que nesse dia terei mais coisas do que me lembrar, contar e gostar. Pois minha história nunca tem pontos finais. Mesmo que o fim seja a única coisa de certa nessa vida. Na minha só carrego virgulas (,), reticências (...), exclamações (!) e muitas interrogações (?). E só transformo minhas interrogações em exclamações quando vejo que as respostas realmente farão parte dessa história que começou com uma sementinha plantada na barriga de minha mãe. Enquanto isso, as deixo guardadas num fardo de baixo da cama. Onde não ficam esquecidas e sempre são desvendadas quando preciso!!!